Estádio José Alvalade
O Actual
Capacidade para 47800 pessoas
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O Futuro Estádio
Ainda não é a primeira pedra, mas foi assumido o
compromisso de levar o projecto à prática e concluí-lo. Falta
definir o quando e o como. Para já, fica a promessa: o Sporting
vai ter um novo estádio, o mais moderno, funcional e cómodo de
Portugal. E também será bonito.
O velhinho Estádio José Alvalade apadrinhou
o princípio do seu fim. Mas, no dia da assinatura do protocolo
de desenvolvimento do novo estádio do Sporting, os olhares
viravam-se todos para o futuro, para o grande projecto de
construção de uma infra-estrutura moderna, funcional e
lucrativa. Um estádio de futebol para o século XXI. Custará
mais de 12 milhões de contos e pretende-se que esteja pronto
dentro de três anos. Nessa altura, o velho Alvalade irá abaixo,
para dar lugar a um complexo imobiliário.
O projecto, da responsabilidade da empresa
holandesa Ballast Nedam (que construiu a nova Arena do Ajax, em
Amsterdão), será posto em prática por um consórcio que inclui
ainda as portuguesas Somague e Teixeira Duarte. A empresa
"Estádio José Alvalade, SA" já foi constituída e
vai explorar a nova infra-estrutura, responsabilizando-se pelo
financiamento da obra. "O Sporting entrará com 4,5 milhões
de contos, três em dinheiro e o restante pelo valor do terreno,
haverá mais três milhões de contos de dez accionistas
fundadores e estamos à espera de apoios da Câmara de Lisboa
[CML] e do Governo, até porque o Sporting não foi contemplado
nos melhoramentos para o Mundial de juniores, em 1991", foi
explicando José Roquette, presidente do Sporting e da sua
Sociedade Desportiva.
Já foi proposta pelo Sporting a formação de
um grupo de trabalho com a CML, mas ontem, no meio de uma
multidão de VIP, não se via qualquer cara conhecida do
executivo lisboeta, apesar de a vereadora do pelouro do Desporto,
Rita Magrinho, se ter feito representar. De resto, estava lá
"toda a gente": o secretário de Estado do Desporto,
Miranda Calha; o presidente do Instituto do desporto, Vasco
Lynce; o presidente da Federação Portuguesa de Futebol,
Gilberto Madaíl; o presidente da Liga Portuguesa de Futebol
Profissional, Valentim Loureiro; o presidente da Assembleia Geral
da Liga, Adriano Afonso; o seleccionador nacional de futebol,
Humberto Coelho; presidentes de clubes, jogadores, técnicos,
figuras habituais da bancada VIP de Alvalade...
Todos para conhecerem mais pormenores sobre o
projecto do estádio e darem os parabéns ao Sporting e a José
Roquette. "É revelador da dimensão de mentalidades que
Roquette trouxe para o futebol", disse Valentim Loureiro.
"Somos um país de futebol, acho que é importante recuperar
aquele público que saiu dos estádios e isto é um bom exemplo,
uma visão de futuro", comentou Humberto Coelho.
Em dia de elogios, Madaíl foi mais político:
"Gostava de fazer um paralelismo entre o que o Sporting diz
que este estádio pode significar para o clube e o que nós
dizemos da necessidade de uma Casa das Selecções." Mas
político, político, foi Miranda Calha, confrontado com a
necessidade de não abrir muito o jogo. "Há, da parte do
Estado, sempre um sentido de cooperação com iniciativas deste
género, que terão de contar com o empenho da sociedade
civil." O discurso, redondo, não comprometeu nem fechou a
porta.
Ainda há um longo caminho a percorrer até ao
dia em que a equipa do Sporting possa receber o apoio dos seus
adeptos no relvado do novo estádio. Antes de mais, será preciso
garantir as parcerias necessárias para financiar o projecto,
para depois lançar as obras. Roquette gostaria que as máquinas
e os homens entrassem em acção já no próximo ano, para que
tudo estivesse pronto no ano 2001.
O próprio projecto está ainda à mercê de
alguns arranjos de secretaria. Para começar, o Sporting queria
um estádio com capacidade para 43.000 espectadores, todos em
lugares cobertos, o que será inédito em Portugal. Mas o apoio
do Estado, por exemplo, estará condicionado ao facto de o futuro
palco dos "leões" poder receber finais de
competições europeias, pelo que a lotação poderá subir para
50.000, o limite mínimo exigido pelas instâncias
internacionais. Uma piscina e dois pavilhões polidesportivos
completarão as infra-estruturas desportivas.
Mas, como frisa Roquette, "este é mais
do que um projecto de um estádio, é um projecto imobiliário
com um estádio". Porque o apelo será claro: toda a
família será bem-vinda a Alvalade, em dia de futebol, ou não.
Em dia de concertos rock, ou não. Lojas, bares e restaurantes,
aliados aos bons acessos e às facilidades de estacionamento,
tentarão cativar a população da zona, que crescerá com a
implantação de uma urbanização onde se situa agora o velho
estádio.
Se para o comum dos cidadãos o novo Alvalade
tem argumentos de peso, é no piscar de olho às empresas que o
projecto atinge o auge da sedução. Os camarotes de luxo, com
bar, poltronas e sistema vídeo, de onde se sai para uma varanda
com vista para o relvado, poderão ser usados em dia de
espectáculo, ou não. Haverá salas de reunião e restaurante
exclusivo, onde se chega por elevador exclusivo vindo do parque -
privativo, claro - situado nos baixos do estádio. Enfim, um
luxo.
No dia em que tudo isto funcionar, ali ao
lado, o velhinho José Alvalade será demolido. Com ele, mais de
quatro décadas de história do Sporting cederão caminho ao
irreversível passar dos tempos. Hilário, uma velha glória de
leão ao peito, sorri, ao lado do ecrã gigante onde depois irão
passar imagens de CD-Rom: "É claro que vamos sentir
saudades. Mas aconselho todos os sportinguistas a verem este
projecto..." É isso, o futuro.